sexta-feira, 10 de julho de 2009

Protesto da Faculdade das Humanas pede antecipação da greve 2010

(com colaboradores)
Decepcionados com a brevidade da greve 2009 (começou tarde, acabou cedo), vários alunos da Faculdade das Humanas (majoritariamente do Paramento Estudantil) organizaram um protesto no dia 1 de julho. Eles protestavam contra a precariedade da Faculdade, pela contratação de professores, por ar-condicionado nas salas, por cota ilimitada de impressão, pela construção de mais um toboágua e de piscinas aquecidas na biblioteca, e pela distribuição de vale-gasolina aos estudantes carentes detentores de carros (principalmente os que têm carros 2.0). Pediam ainda a antecipação da greve 2010 para depois das férias de julho.
Os manifestantes saíram em passeata da Faculdade das Humanas até a reitoria, onde deixaram um documento com as reivindicações e um exemplar do jornal Cousa-em-si Operária, condição imposta pela juventude do PCU para não participar do ato. Uma batucada horrível e um refrão medonho animaram os manifestante, ao mesmo tempo que desestimularam qualquer eventual manifestação de manifestantes anti-manifestação. Tal recurso, porém, não evitou que acontecesse um pequeno incidente. Isso porque os manifestantes, temerosos de não achar vaga para estacionar próximo à reitoria, e achando longe demais para ir a pé, decidiram ir com o circular interno. Eles colaram uma faixa na frente do ônibus e subiram todos, alegres, felizes e agitados. Uma vez com todos dentro, retomaram sua cantoria ("ah, FF Casto, a Faculdade das Humanas está uma porcaria!") e sua batucada. Fora isso houve, é claro, a tradicional algazarra que pôr um bando de crianças elétricas em um ônibus acarreta. Tudo ia bem (nem tudo, com a música do ato não havia como tudo ir bem) até que alguns dos manifestantes, um pouco mais empolgados, passaram a subir nos bancos, para porem a cabeça inteira para fora do ônibus e gritarem a plenos pulmões. Diante do que julgou "um abuso", o motorista parou o circular e exigiu que todos se comportassem, ou que saíssem todos. Vaias, um princípio de discussão, acusações de pelego, mas por fim os alunos cederam e se comprometeram a não pisar mais nos bancos, se restringindo à batucada, à cantoria e à guerrinha de papel.
Terminado o ato de entrega dos documentos na reitoria, os manifestantes retornaram à Faculdade das Humanas e realizaram uma flash-assembly, com a participação dos professores e do guardião dos armários da Faculdade. A brevidade da assembléia não foi parte de um protesto meta-lingüístico contra a brevidade da greve, mas porque a maioria dos presentes queria ir no chópim assistir à estréia do novo filme da trilogia da Era do Gelo.

Greve 2009: EJR lança moda íntima revolucionária
Cueca esgotou mais rápido que ingressos para o show do Carlos Roberto
Os bons frutos da greve de 2007 começam a dar bons frutos na greve 2009. O primeiro de uma prometida série foi o lançamento de uma cueca revolucionária pela EJR, Empresa Júnior Revolucionária, a EJ das ciências sociais (veja TZN11). "A união do melhor do espírito dos anos 60 com o maior ideal do século XXI", dizia o panfleto promocional.
Trata-se de uma bela vestimenta vermelha, de elástico largo, apta para ser usada com calças que ficam no meio da bunda, sem o risco de mostrar o cofrinho. Primeiro porque esse negócio de cofre é coisa de banqueiro. Segundo porque "não basta apenas ser revolucionário e rebelde, é preciso chocar os pudores da burguesia", nos explica o chocador profissional V, gerente de márquetim da EJR e também integrante do CASH (Casinha Acadêmica das Sociais e História). Na frente da cueca, a estampa tradicional do Che Guevara. Atrás, a assinatura "Che". E no elástico, para poder ser vista por todos, inclusive pelas pudorentas senhoras burguesas, a célebre frase do revolucionário: "Hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás".
O lançamento foi um sucesso tamanho que todas as cuecas foram vendidas antes que o integrante da Equipe Trezenhum conseguisse comprar uma (para poder tirar foto).

Polícia do pastus com novo uniforme
A polícia do pastus está com novo uniforme. A mudança de vestimenta se deu porque a empresa tercerizada responsável pela segurança resolveu tercerizar o serviço. Para marcar a diferença, o reitor FF Casto pediu que os novos tercerizados - que são os velhos guardas de sempre, mas ganhando 10% menos, como toda vez que muda de empresa - utilizassem um novo uniforme. O modelo escolhido foi desenhado na Faculdade dos Artistas e é uma homenagem à Hanna Barbara, uma vez que é claramente inspirado no uniforme do guarda do Zé Colméia. O objetivo com essa homenagem foi também tornar o ambiente universitário mais alegre e festivo, e de aproximar a segurança da realidade vivida pela maioria dos alunos da Universidade. O estilista do uniforme, contudo, admite que teve seu projeto inicial de um uniforme inspirado nos Pauer Réngers vetado.
Para comemorar a nova roupa da nova empresa, na entrada da universidade, até a semana que vem, haverá a frase "Bem vindo à Universidade. Sinta-se no parque Iélouistone".

Movimento Todos pela Universidade promove passeata virtual no dia da Pátria Paulista
Organizadores garantem que evento foi um sucesso e um marco na arte de fazer política estudantil
Uma passeata virtual marcou o dia da pátria paulista, 9 de julho, entre os integrantes do movimento Todos pela Universidade. O evento, marcado pelos donos da comunidade oficial da Universidade no Orkut, teve seu início na própria comunidade. Com bandeiras do Estado, cruzes MMDC, fotos do Papa, e cartazes da "revolução" no lugar da foto do perfil, os participantes fizeram uma breve concentração e de lá seguiram em marcha para a página do Gugou, onde todos juntos fizeram a pesquisa pela "revolução" (para ver se acontecia como aconteceu com o Maicou Jéquison, mas não aconteceu). Dali passaram pela página do chópim Jão Pedro, e seguiram sua marcha militar virtual para a página de bate-papo do portal Universo Em Linha (UEL). Foi quando houve um breve momento de tensão na passeata virtual, com alguns dos presentes nas salas se revoltando com a repetição dos chavões "São Paulo minha Pátria", "Pela independência de São Paulo", "São Paulo a locomotiva a vapor do Brasil", "Fora baianos" e por aí foi. O "fora baianos" também era substituído por "fora paraíbas" eventualmente, mostrando que sua função era similar ao de "mexicanos" aos estadunidenses: serve para designar qualquer pessoa que venha de fora do sul-sudeste e não seja branco. Pé-de-mesa-26cm era um dos mais revoltados, distribuindo palavrões a torto e a direito. Moreninha-sozinha-bunduda, em breve entrevista virtual, acusou os manifestantes de xenofobia. A maioria dos presentes, contudo, se mostrou muito receptivo e favorável aos slogans, segundo a avaliação de Guilhermme Louis, um dos capo da comunidade. Por fim, todos retornaram à comunidade oficial da Universidade, onde fizeram um sarau declamando os poemas "revolucionários" de Guilherme de Almeida.
Para Erivalten de Melo, um ponto a ser destacado é que toda essa manifestação não causou qualquer tumulto, não prejudicou o serviço de ninguém, "ao contrário dessas passeatas desse bando de vagabundos grevistas, e desses porcos que não tomam banho da Faculdade das Humanas". Em resposta à acusação virtual, ele negou virtualmente que o dia da Pátria Paulista seja xenófobo: "apenas estamos defendendo que o que é nosso esteja sendo nosso e que quem não é daqui que esteja indo embora daqui o quanto antes, antes que estejam se arrependendo de estarem ficando. Principalmente os baianos. Mas os gaúchos [aqueles que vem do sul] e os cariocas também não são bem vindos". Questionado sobre os mineiros, respondeu com um simples "traidores" (e o pobre esquecido Espírito Santo nem a gente se lembrou na hora).
Da passeata virtual, além de uma legião de zé-ninguéns tentando fazer tipo, marcaram presença os integrantes do Movimento Todos pela Universidade, inclusive o seu lider-mór, Raphaell Lullas da Silva, e seus ideólogos, o professor doutor Didi Parreira Bergos, da Faculdade das Tias, e o professor doutor Carmo, da Faculdade das Letras; os integrantes do Movimento Anauê-Brazil; da Milícia 9 de Julho e do Movimento Afirmação da Negação. Bergos e Carmo disseram, contudo, que acharam "muito suave" a manifestação: "é o problema do virtual, não podemos bater em pobre nenhum no caminho", lamentou (e sem dúvida não foi o único).

Teses bisonhas:
Encontrada na biblioteca da Unicamp:
Vieira, Vandenberg Lopes. Grupos fuchsianos aritmeticos identificados em ordens dos quaternios para construção de constelações de sinais.
Resumo: Dentro do contexto de projetar sistema de comunicação digital em espaços homogêneos, em particular, em espaços hiperbólicos, é necessário estabelecer um procedimento sistemático para construção de reticulados O, como elemento base para construção de constelações de sinais geometricamente uniformes. E através desse procedimento que identificamos as estruturas algébrica e geométrica além de construir códigos geometricamente uniformes em espaços homogêneos. Propomos, a partir desses reticulados, a construção de grupos fuchsianos aritméticos Tp obtidos de tesselações hiperbólicas {p; q}, derivados de álgebras de divisão dos quaternios A sobre corpos de números K. Generalizamos o processo de identificação desses grupos em ordens dos quatérnios (reticulados hiperbólicos), associadas às constelações de sinais geometricamente uniformes, provenientes de grupos discretos. Esse procedimento permite rotular os sinais das constelações construídas por elementos de uma estrutura algébrica

Dica TZN
Não tentem fazer humor escutando um réquiem.

Nota da redação: Não sabemos nada
Não sabemos nada de nada. Muito menos de... de... de... engenharia elétrica, é isso? Por isso achamos duplamente bisonha a tese apresentada. E aceitamos quem nos explique em linguagem laica do que se trata.
E se um dia conseguirmos escrever uma tese desse naipe nossas mães vão ficar orgulhosas e pensarão até que somos inteligentes. Mas nossas mães não são tão bobas a ponto de acharem que um dia escreveremos algo do gênero. Por isso se dão por satisfeitas que escrevamos o Trezenhum, é mais do que poderiam imaginar.
E com mais essa tese bisonha prosseguimos com nosso estímulo à pesquisa científica, prestes a superar a FEPESP: quem tiver ou se deparar com uma tese bisonha, por favor no-la envie!

Nota da redação: Aos artistas de plantão
A Equipe Trezenhum avisa aos artistas de plantão que nosso espaço de comentários está aberto para divulgação de shows, peças, danças e demais eventos. Apenas alertamos para o risco que, uma vez anunciado, além de poder ter seu nome vinculado ao Trezenhum,o que não é lá grande honra, ainda corre-se o risco de ter um dos integrantes da ETZN prestigiando o evento e escrevendo uma resenha crítica depois, caso julgue que a apresentação seja digna de avacalhação.

Erramos: No TZN50 falamos da nossa camiseta comemorativa e esquecemos de pôr a foto da mesma. Corrigimos esse pequeno lapso colocando a foto agora:



Esta edição de Trezenhum teve o patrocínio de

Cigarros Lênin & Mao Lights
Desperte o James Dean que há em você!
L&M Lights: baixos teores capitalistas e o sabor da revolução.
O cigarro oficial da Greve 2009

Trezenhum. Humor sem graça. Nº 51. Todos os esquerdos reservados. Na ausência destes o uso é livre (mas ideológico). www.trezenhum.blogspot.com