quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Homenagem muito louca ao muito louco do Celso Zé sacode Faculdade das Humanas

(com colaboradores)
Homens nus, sexo, imolações, drogas, poesia e mijada histórica de Celso Zé marcaram o evento. Foi também o lançamento do Movimento A Plenos Bundões e do Departamento dos Estetas Marcel Duchampignon
Uma homenagem feita pelo grupo Artístico-Terrorista Bala de Sebo/Paquerinha, em parceria com alguns outros grupos sacudiu a Faculdade das Humanas no início do mês. Junto com a homenagem foi feito o lançamento do Departamento dos Estetas Marcel Duchampignon e do Movimento A Plenos Bundões. Conforme nos contou Celeste, um dos líderes do grupo, a idéia era "libertar a Faculdade dos ismos nervosos e dos istas ressentidos", promovendo para tanto "uma soltura geral dos intestinos da galera", e complementa: "a idéia de aproveitar a vinda do famoso ator Celso Zé foi para dar mais visibilidade ao nosso lançamento. Ele, na verdade, foi apenas uma desculpa".
Tanto assim foi que no início dos atos que marcaram a inaguração do Departamento, esqueceram o Celso Zé no auditório da Faculdade (acompanhado, é bom ressaltar), enquanto o grupo, acompanhado do maracatu do Movimento Afirmação da Negação, lavava as escadarias da faculdade com sal grosso e simulava a imolação de um veado - interpretado por um aluno que não soube interpretar um veado imolado a contento. "A idéia de ser um veado foi para ver quem seriam os idiotas que fariam piadinhas idiotas e manjadas, ou quem levaria a sério demais e nos chamariam de homofóbicos", comenta Celeste. Foi na hora da imolação do veado que Celso Zé voltou à cena. Já devidamente saciado, trajado (ele, assim como oito integrantes do Bala de Sebo/Paquerinha ficaram nus durante a homenagem) e com sua bagagem de mão à mão, ele perguntava pela saída, quando, não resistindo à curiosidade, foi ver o que era aquela aglomeração junto ao banheiro masculino, doravante chamado Departamento dos Estetas Marcel Duchampignon. Celso Zé disse que estava decepcionado com que estava vendo: "isso não é um veado sendo imolado, é um cordeiro!", e deu dicas ao jovem ator de como um veado faz, salientando as diferenças para um cordeiro e para uma galinha.
A seguir, Celso Zé foi instado a romper o hímen que fechava a entrada do Departamento dos Estetas, o que ele fez com razoável carinho, para delírio da galera. Já dentro do Departamento a homenagem prosseguiu com a leitura de uma série de poemas por homens nus envoltos em fumaça ilegal. Se espremiam no banheiro 143 pessoas, entre integrantes do grupo e espectadores.
Por fim, já com muita gente muito doida - e não só o Celso Zé -, a inauguração prosseguiu com o maracatu maracutando pela Faculdade, causando irritação de alguns alunos, e a festa de outros, que não conseguem se lembrar o que aconteceu a partir daí.

Participação da Afirmação da Negação causa certa estranheza
Causou certa estranheza a participação do Movimento da Afirmação da Negação, grupo leninista-trotskista-stalinista que há muito inferniza várias universidades do estado. Foram eles os responsáveis pelo maracatu, o que, convenhamos, conseguiu conduzir a situação de modo que o homenageado fosse esquecido. Questionado o porquê do apoio ao lançamento do movimento A Plenos Bundões, um dos grandes intelectuais do Movimento Afirmação da Negação, professor Maloit, não conseguia articular palavras conhecidas, por conta do seu estado. Já o camarada-Sol, ex-orientando dele e outro expoente da facção de oposição do Movimento Afirmação da Negação, não compreendeu nossa pergunta. Explicamos dizendo que o Movimento a Plenos Bundões era libertar a Faculdade dos ismos nervosos e dos istas ressentidos, como eles, mas mesmo assim ele achou nossa pergunta por demais complexa e perguntou se podia levar ao conselho antes de nos responder. Dissemos que sim e aguardamos a resposta desde então - eles nos disseram que estão discutindo o caso.
Xelim, integrante do Bala de Sebo/Paquerinha, diz que não vê contradição na participação da Afirmação da Negação: "precisávamos de algum grupo para fazer barulho, e as baterias da Universidade, são ligadas ao Grupo Público Ltda. S/A e cobram um cachê muito alto". Indagado se fora muito difícil a negociação para participar de um ato que visava criticar justo grupos como o Movimento Afirmação da Negação, negou peremptoriamente: "eles não entenderam nada. Dissemos que éramos contra, e antes que conseguíssemos dizer contra o que eles aceitaram tocar para a gente. De graça!".

Bala de Sebo/Paquerinha tem se especializado em tomadas de banheiros
O grupo Artístito-Terrorista Bala de Sebo/Paquerinha tem se especializado em tomadas de banheiros. Antes do banheiro da Faculdade das Humanas eles já haviam causado muita polêmica na Faculdade das Tias (procure aí do lado num dos TZN velhos), por não só ocuparem os banheiros da Faculdade para fins outros que não aqueles lhe são destinados (legal e ilegalmente), como por saírem deles nus, correndo pela Faculdade como Deus (ou o Diabo, conforme visão dos segmentos mais conservadores) os pôs no mundo (só um pouco mais crescidos).
Em breve entrevista Glad, integrante do grupo, disse que eles já estão fazendo cursos de autocad e trocando experincia com alunos da Faculdade dos Engenheiros com Arquitetos e Urbanistas (FECAU), de modo que em breve, ele espera, as tomadas de banheiro sejam tão eventos artísticos como o urinol de Duchamp.

Faculdade das Humanas alvo de processo
Não foi só parte da Aglomeração Feminista (pequena, é verdade. A ala ultra-radical, para sermos mais exatos) que ficou indignada com a homenagem muito louca ao muito louco do Celso Zé. Para as integrantes da Aglomeração "aqueles homens nus foram uma falta de respeito: estavam fora de forma, com barriguinhas ridículas que nós não somos obrigadas a ver!", disse M, da Faculdade dos Bichos. P, da Faculdade das Humanas, foi ainda mais longe: "me diga, para que serve um pinto? Vamos? Vocês homens são ridículos!"
Como dizíamos, além de algumas integrantes da Aglomeração Feminista, mais pessoas ficaram revoltadas com o que viram. Mas essas pessoas foram além do discurso e agora a FAculdade das Humanas responde por dois processos. Um deles, de um aluno da Faculdade das Letras, por a Faculdade ter permitido o uso de entorpecentes no seu interior (Celso Zé fumou uns três baseados, pelo menos, durante sua fala); outro, movido por duas alunas da Faculdade dos Artistas, por atentado violento ao pudor (não sabemos de quem, se do Celso Zé, dos integrantes do Bala de Sebo/Paquerinha ou da própria Faculdade).
Advogados consultados pela Equipe Trezenhum disseram que tais processos são risíveis e que não acreditam que vai dar em nada, salvo os processantes se tornarem alvo de chacotas.

Grupo Bala de Sebo/Paquerinha "quase" vence disputa para o CASH
Para professora da Faculdade vitória da chapa Cornucópia Espermática do Capital poderia causar surto entre alunos integrantes do paramento estudantil
Se enganou quem achou que o Grupo Artístico-Terrorista Bala de Sebo/Paquerinha estava satisfeito com o Movimento A Plenos Bundões e com Departamento dos Estetas Marcel Duchampignon. Na semana seguinte à homenagem ao Celso Zé, o grupo lançou uma chapa para a Casinha Acadêmica de Sociais e História (CASH), a Cornucópia Espermática do Capital, composta por um único integrante, Xelim, e cujas propostas foram expressas em uma folha em branco.
Um membro da Equipe Trezenhum foi deslocado para a Faculdade das Humanas para cobrir tanto o debate quanto a eleição para a Casinha Acadêmica. Ele relata que a chapa, de início tida por "brincadeira de um maluco aí", causava forte apreensão na sexta-feira, último dia da eleição, quando a sua vitória era clarividente. Em breve passagem pela Faculdade na sexta à tarde o nosso repórter pode constatar que um clima de pânico dominava todos os rincões da Faculdade, os quais estavam ocupados por integrantes do paramento estudantil - fossem da chapa do PSTI (Partido dos Super-Trabalhadores Indignados), fossem da do P-LUA - pregando o voto na chapa do PSTI contra o que eles denominavam de fascistas. E iam além, afirmavam que Xelim e seu grupo queriam tomar o poder deles no CASH, para dali, aproveitando da relevância nacional da referida Casinha Acadêmica, assumir a presidência da república, e promover um extermínio racial e cultural em todo o país. "Como o Hitler! como o Hitler!", como berrava histérica uma integrante do PSTI.
Vendo a manifestação de sua colega, Xelim comentou ao Trezenhum que "eles [do paramento estudantil organizado] estão doidos, perderão totalmente a noção. Cara, se existe anarco-leninista-stalinista, como um integrante da juventude do PSTI, não há anarco-fascista, e eu estou muito mais para defensor da anarquia do que da ordem e do homem-gado. Na verdade, além de sexo todo dia (toda hora, de preferência) eu não defendo mais nada". Ele também lamentou que haviam arrancado os cartazes de apoio à chapa, como o cartaz do Trezenhum, além de outros quatro, "que eu fiz com minha própria porra, cara! Depois da eleição eu queria levar e mostrar pra minha mãe!".
Amnésia Marron, psicanalista e professora da Faculdade disse que temeu pela integridade de todos, até saber o resultado da eleição: "não se tratava apenas de um choque por conta dessas pessoas sofrerem de TOC (transtorno obsessivo compulsivo), como vocês bem notaram, mas eu temia por um surto coletivo de pânico, caso não vencessem".
E a vitória não foi nada fácil. No fim da tarde a chapa do P-LUA discutia se poderia abdicar dos seus votos em favor da chapa do PSTI, mas não encontraram brecha no regulamento para a consumação do ato. A alternativa foi, então, cercar a urna, de forma a impedir que alguém que fosse votar na Cornucópia Espermática do Capital votasse, e fazer uma contagem minuciosa dos votos. Com isso, 29 e votos foram anulados por não terem preenchido corretamente o x na cédula. Foram anulados um dos votos dado para a chapa do PSTI, outro para a chapa do P-LUA e 27 para a Cornucópia Espermática do Capital. "Fomos justos. Quem manda esse bando de pelego, esse bando de fascista, que nunca vota e por isso não sabe marcar corretamente o x na cédula?", dizia Chicletenta, integrante do PSTI, que afirmou que o processo foi ilibado: "até nós tivemos votos anulados". A comemoração pela vitória foi, contudo, contida. Todos os presentes se deram as mãos, cantaram "Amigos para siempre" e "A internacional" e se embebedaram sem muito alarde. Conforme Chicletenta, foi escolhido comemorar assim para não que fosse confudida com as propostas da chapa pretensamente fascista.
Quanto a Xelim, ele havia partido da Faculdade, da Universidade e da cidade no meio da tarde e, portanto, não acompanhou a apuração. Por sms ele disse que pretendia passar pelo menos dez dias longe, pois temia pela sua integridade física: "sabe como é, para eles fascista bom é fascista morto".
O Hospital da Universidade registrou quatro internações por problemas decorrente de estresse extremo ou síndrome do pânico de alunos oriundos da Faculdade das Humanas na sexta à tarde.

E-navigation, do Grupo Público Ltda. S/A vence a eleição para o DFE
Como de costume, a eleição teve tanta novidade quanto jogo do Timão este ano

Diante da história eleição para o CASH a eleição para o DFE (Diretório Formal dos Estudantes) até perdeu a graça e o interesse. Como todos sabem desde o ano passado, ganhou a chapa ligada ao Grupo Público Ltda. S/A, E-navigation, que, como o próprio nome diz, vai insistir um ano mais na modalidade de mobilização virtual. Em rápida entrevista, uma integrante nos alegou que "ainda que o Second World não tenha dado certo, como imaginávamos com a chapa do ano passado, a Tc até a manhã, ainda há o Orkut, e vocês são a prova viva de que, uma vez lá, qualquer besteira, por pior que seja a qualidade, ganha audiência", ao que respondemos que não sabemos se besteiras repetidas teriam a mesma repercussão que as besteiras inéditas que publicamos. Ela disse ainda que essa vitória foi para "lavar a alma, depois da espinafrada que tomamos na disputa pela vereança".
Sobre a união P-LUA com o PSTI, levantada por muitos e noticiada no TZN37 (se não nos falha a memória. Se nos falha, foi no TZN36), ela disse que o PSTI não tinha condições financeiras de arcar com as luvas necessárias para ingressar no Grupo, e que o capital por eles investido não dava direito a ações ON: "mas eles já possuem uma pequena parte das nossas ações PN". Ela, contudo, não quis nos dizer quanto.
De qualquer forma, deixamos registrado que teremos por mais um ano a presença marcante, alegre, simpática, humilde, delicada, inteligente do camarada Biboka, que se reelegeu coordenador geral do Grupo Público Ltda. S/A e, como conseqüência, será presidente por mais um ano do DFE.

Verdes indignados com Trezenhum
Ainda bem que Trezenhum é um grupo de humor pirata e temos nossa identidade secreta, igual o Clark Kent. Trezenhum foi duramente criticado por parte dos verdes da Universidade, na reunião de balanço da Terceira Semana Brócolis da Universidade, como conferimos in loco. I, da Faculdade das Tias, chorava copiosamente por ter descoberto que o feijão do bandejão possui caldo de carne: "eu dizia para todo mundo que estava há quatro anos sem comer carne, sem pôr nada que fosse derivado de animal na boca, e agora, como fico?". Já G, da Faculdade das Humanas, era puro sangue nos olhos: "quem são esses filhos da p***! Desde quando eles podem quebrar nossa fé, assim, do nada, sem pedir licença e sem perguntar se queríamos saber a verdade ou não? Vamos descobrir quem eles são e empalá-los!". Uma das organizadoras da semana, aluna da Faculdade dos Engenheiros, que na edição passada nos dera uma entrevista se negou a falar conosco, disse que precisava se solidarizar com o grupo, que, atônito, não acreditava que comiam carne há tanto tempo e não sabiam.

Integrante do Trezenhum queima o arroz
Um integrante da Equipe Trezenhum deixou queimar o arroz enquanto revisava a edição 39 de Trezenhum. Humor sem graça. Revoltado, ele diz estar disposto a deixar passar a próxima edição com os erros tipográficos.

Nota da redação: DFE 2009
Já conhecido dos leitores de Trezenhum desde que causaram na Faculdade das Tias, o Grupo Artístico-Terrorista Bala de Sebo/Paquerinha dá um passo adiante na porra-loquice anti-normopata da Univesidade com o lançamento do Departamento dos Estetas Marcel Duchampignon e da chapa para o CASH, Cornucópia Espermática do Capital. Trezenhum, que convocou todos os alunos da Faculdade das Humanas que não sofriam de TOC a votarem nela, agora convoca Xelim, Celeste, Glad e demais integrantes do Grupo Artístico-Terrorista Bala de Sebo/Paquerinha a prosseguirem com suas ações em 2009, tirando a roupa sempre que for inesperado, interpretando peças que atentem contra os bons-costumes e disputando a eleição para o DFE 2009. Desde já garantimos nosso apoio, caso tais alternativas sejam levadas a cabo.

Erramos: é com humildade e a consciência do dever cumprido que declaramos que cometemos um pequeno lapso no TZN38. Anunciamos a foto do novo teatro da Faculdade dos Artistas, mas por trapalhadas técnicas a mesma não estava presente. Pois eis elas. Agradecemos ao camarada J por elas (já que o inútil da Equipe Trezenhum presente no dia não tem máquina digital):



Trezenhum. Humor sem graça. Nº 39. Todos os esquerdos reservados. Na ausência destes o uso é livre (mas ideológico). www.trezenhum.blogspot.com

sábado, 13 de setembro de 2008

Exclusivo: Bandejão em colapso

(com colaboradores)

* Filas quilométricas para entrar, falta de talheres, congestionamento para pegar suco, meia-hora na fila para sair: caos se instala no Bandejão e deixa evidente seu colapso

* Especialistas não conseguem entender o porquê e propõem soluções

* Rodízio de RA será implementado até outubro. Piora do cardápio já está em prática


Eram 11h43min desta segunda-feira, 08 de setembro de 2008, quando O, J e S, todos da Faculdade dos Fármacos chegaram ao Bandejão. A essa hora as filas já faziam uma volta. “O que vou fazer? Se deixar para depois piora”, comentava, resignada, J. Pouco depois, às 12h04min, com as filas já em sua segunda curva, conversamos com A, da Faculdade dos Físicos. Ele comenta que aquela fila o rememorava da sua infância, de quando ia com sua babá na fila do INPS. O dia nublado e o clima ameno ajudaram os três colegas e A que, assim como milhares de outros estudantes da Universidade se dirigiram à mais tradicional casa de pasto da Universidade, a suportar a fila. O, J e S só conseguiram entrar no Bandejão às 12h12min. Daí até serem servidos, outros 26 minutos, pelo menos. Na hora em que entravam a fila do lado de fora chegava ao seu ápice. Segundo a CET-CBC-U (Centra de Tráfego e Controle dos Bons Costumes da Universidade), se as pessoas formassem uma fila apenas, ela chegaria próxima ao Hospital do Olimpo.

Mas a fila externa era apenas o aspecto mais fácil de se lidar, bastava apenas um pouco de paciência e tempo (e a sorte de não ter um professor pontual e que faz chamada no início da aula). Ao entrar no referido estabelecimento, o caos se tornava evidente: um redemoinho de gentes se apertando e se questionando que fila era aquela (se a interna ou a externa), como se pudesse distinguir uma fila naquele emaranhado. Como disse um aluno da Faculdade de Engenharia Filosófica, citando Platão: “no início era o caos”. Muitos acreditavam que a demora para entrar e a confusão para se mover dentro do Bandejão fossem conseqüências da falta de algum funcionário (dentro do Bandejão, entre esfregar o cu na catraca e sair com a bandeja servida chegou-se a 33 minutos de espera). Se surpreendiam ao ver que os funcionários estavam todos lá: a fila empacava primeiro na hora de pegar talheres. Não foi incomum ver alunos tendo de se contentar em comer com duas facas, já que garfos há muito estavam esgotados. Outros, mais desinibidos, pediam os garfos daquelas pessoas que se levantavam para sair. A Equipe Trezenhum chegou a presenciar uma triste cena de um aluno da Faculdade dos Economistas que, diante da ausência de talheres – tanto garfos quanto facas – hesitava entre comer com as mãos ou cair direto de boca na bandeja. Uma garota da Faculdade das Tias que estava próxima a ele e que o conhecia de outros carnavais (na verdade, de festas), disse que ele deveria cair de cara no pote, já que devia ser esse seu jeito natural de comer; ao que ele respondeu que a vaca era ela, e ela replicou perguntando como uma galinha podia ter parido aquele porco asqueroso; ao que nós preferimos continuar nossa reportagem e deixar os dois a sós, trocando gentilezas verbais. Essa discussão apenas ilustra o grau de tensão que se instaurava no refeitório.

Outra dificuldade estava em conseguir lugar para sentar. Às 13h49min, ou seja, onze minutos antes de encerrar o horário de expediente, pessoas ainda precisavam circular por entre as mesas, em busca de um lugar para se sentar. Não se registrou caso de pessoas sentadas no chão. Ainda.

Claro que ninguém imaginava que uma vez tendo encontrado um lugar, o que restava era apenas comer. Os funcionários se revezavam na substituição de máquinas de suco mas não conseguiam vencer a demanda. Com isso resultava uma cena de dezenas de pessoas indo de uma máquina a outra, em busca de suco, até o surgimento do funcionário com a máquina nova, atrás do qual iam todas aquelas pessoas. Algumas, mais apressadas, tentavam pegar o suco já no caminho, para irritação do funcionário (até porque a máquina não funciona fora da tomada). Nessa busca por algo por beber, espertinhos se aproveitavam para se sentar no lugar de quem estava fora, o que contribuiu para o aumento do caos. Alguns alunos, mais ingênuos, chegaram a achar que estavam com algum problema de localização, sem desconfiar que sua bandeja (e, mais importante, seu lugar) havia sido surrupiada.

O drama persistia ainda na saída. Mesmo com a operação de uma força tarefa, que chegou com um tanquinho para agilizar o depósito de bandejas, o tempo médio para sair, entre o meio-dia e as duas da tarde foi de 31 minutos. Isso, claro, para aqueles que respeitavam aquela fila um tanto amorfa que se formava. Para os espertos, dificilmente a espera chegava a dois minutos. Mas houve um caso de que a pressa custou uma camiseta manchada de suco de amarelo (propositadamente, segundo o derramador). Esse, inclusive, foi outro fator que auxiliou no caos: pessoas que perdidas, confusas, desnorteadas, puteadas, derramavam suco, molho e salada nas outra (principalmente nas que estavam sentadas).

“É uma prévia do apocalipse”, anunciava P, da Faculdade das Tias e integrante da Abu-Seita Cristã. No cardápio do dia: cozidão misto. Talvez ela não estivesse tão errada.


Caos também no Bandejão de Prato

O colapso da rede de alimentação da Universidade atingiu também o Bandejão de Prato. Parte da Equipe Trezenhum se dirigiu ao referido local e constatou que pessoas usavam a sacada como bancada e comiam em pé. A cena, segundo muitos clientes universitários usuários do Bandejão de Prato, vem se repetindo desde o início do semestre.

O único local a salvo do caos é o Restaurante Seletivo. E assim deve permanecer, haja visto que tanto a Reitoria quando a direção da Faculdade de Culinária descartam um aumento no número de refeições servidas no local.


Especialistas e clientes divergem sobre causas

Foi impossível encontrar entre especialistas, clientes universitários e funcionários explicação que desse conta de entender a situação de colapso vivenciada na segunda-feira. Entre os clientes universitários, a tese mais difundida é que o grande afluxo ao Bandejão foi devido à farofa. Especialistas rejeitam tal hipótese: “o que vimos não é presenciado nem em dia de feijoada! Como uma farofa pode causar isso?”. Um funcionário consultado concorda: “não há farofa que salve cozidão misto”.

Professores da Faculdade dos Economistas se dividem principalmente em duas correntes explicativas. Mais à esquerda, uma corrente diz que a culpa é do aumento do preço dos alimentos no mundo (por mais que tal aumento ainda não tenha chegado às cantinas da Universidade). A outra corrente diz que se tratou de um típico movimento de manada, induzido talvez, por algum boato falso que gerou um clima de instabilidade nos agentes racionais.

Se houve realmente boato falso, o DFE (Diretório Formal dos Estudantes) avisou que ele não partiu do seu Núcleo de Boatos Falsos, o qual se encontra atualmente ocupado com as eleições municipais (cujo principal boato falso é dizer que uma estudante é trabalhadora sem nunca ter trabalhado). Para o DFE, bem como para diversos grupos políticos da Universidade (Movimento Afirmação da Negação, Partido dos Super-Trabalhadores Indignados, Movimento Jr. do Partido da Causa Uberária, Casinhas Acadêmicas, entre outros), a culpa do colapso do Bandejão é do Reitor do governador, que fizeram a ampliação de vagas na Universidade. Já começa a circular abaixo-assinado pedindo o cancelamento das vagas abertas nos últimos dez anos. Na sexta-feira esse grupo locou uma kombi e foi protestar contra o caos no Bandejão em evento em que estava presente o governador Zé Serrote. O governador reagiu dizendo que a acusação é “infundada”, porque “estudante é tudo burro e inútil; e só sabe chorar”. E completou fazendo alusão à solene tese de seu colega de partido sociólogo e ex-presidente da República, ao dizer que “estudante só não é pior que professor, que além de incompetente é fracassado”.

Por seu turno, Paulistinha, dono do “Dogão Dosmoras”, nos disse em off que acha que a culpa pelo colapso é que “estudante é tudo vagabundo”.

Já a Reitoria levantou a hipótese de falha no sistema, o que teria permitido que alunos fizessem seu “pequeno almoço”, como diriam os lusitanos, às onze da manhã e voltassem para almoçar de verdade às 13h. Já se abria, inclusive, uma sindicância interna para apurar os responsáveis e demiti-los por justa causa, quando um parecer da área técnica da Faculdade dos Computadores, responsável pelo sistema, descartou tal possibilidade. Segundo o parecer, “o sistema é perfeito, feito exatamente como o Reitor pediu. Parece que foi até o Reitor quem fez”. Diante de tão efusiva prova de bom funcionamento, o Reitor desistiu da sindicância.

Por fim, até Trezenhum foi responsabilizado pelo caos no Bandejão, tudo por conta da nossa defesa dessa grande casa de pasto, e das nossas camisetas de apoio e estímulo ao mais tradicional restaurante da Universidade.


Piora na comida e rodízio de RA

“A resolução do problema invariavelmente passará por um remédio amargo, ou melhor, por uma comida ruim”, nos adverte um especialista consultado. A primeira medida, tomada em caráter de urgência em reunião de cúpula do Bandejão logo após o encerramento do expediente, foi nessa direção. Deliberou-se que o cardápio da semana seria alterado, de modo a desestimular a ida ao Bandejão. Foram abolidas as guarnições. Só não se adotou salsicha, ovo e frango frito a semana toda por não haver tempo hábil para alterações tão bruscas no cardápio, “mas ela virão”, admitiu a chefe do Bandejão. Outra medida já aceita e que deve entrar em vigor até o início do mês de outubro é o rodízio de RA, inspirado no rodízio de placas da capital. CUs com final 1 e 2 serão bloqueados na segunda, 3 e 4 na terça, e assim sucessivamente, até o 9 e 0 na sexta.

Consultamos alguns clientes universitários e eles se mostraram, em geral, insatisfeitos com a medida. Alguns, cientes da alarmante situação e saudosos de casa, dizem que aprovariam a medida, desde que as canecas, a partir de agora, viessem equipadas com buzina – para mimetizarem de maneira mais fiel a sinfonia urbana da capital.

Outra proposta levantada foi o aumento do horário de almoço, que iria até às 15h. Há, porém, resistência dos professores, que se recusam a abrir mão de uma hora de aula “só para que os alunos comam”. Fanhinho, professor da Faculdade dos Economistas argumenta que há outras opções para comer, como o restaurante Carus, logo na saída da Universidade, e cuja comida é muito melhor “e nem é cara” (R$ 29,90 o quilo, que eles escrevem com k, ainda por cima).


Brota-Cruzes diz que colapso não é surpresa

O ex-Reitor da Universidade e atual coronel da FEPESP (Fundação de Estímulo ao Patriarcado e ao Suicídio Paulista), professor Brota-Cruzes diz que o colapso no Bandejão era uma mera questão de tempo. Ele diz já ter antevisto isso quando reitor, mas que a cegueira de grupos políticos presentes na universidade impediu que fossem tomadas medidas em tempo hábil.

TZN: O senhor diz que o colapso já era previsto, por que nada foi feito antes?

Brota-Cruzes: Não foi feito porque a Universidade insiste em dar abrigos a grupos políticos, quando ela deveria ser um local de pesquisa, onde apenas entram cientistas. E cientistas comprovadamente ilibados! Estudos científicos feitos há seis anos, quando eu era reitor, previam justamente para a primeira semana de 2008 o colapso do Bandejão.

TZN: O senhor pode nos mostrar esses estudos?

Brota-Cruzes: Eu ia trazer, mas acredita que o meu cachorro comeu?

TZN: E o que poderia ter sido feito para evitar o colapso?

Brota-Cruzes: Poderia ter sido feito aquilo que eu quis fazer e não pude: tirar da Universidade esse bando de pobres. O Bandejão deveria ser só para funcionários, o que permitiria oferecer uma gororoba quase intragável sem o risco de sermos incomodados. Não sei se vocês se lembram que eu tentei vincular bolsas-auxílio ao rendimento escolar. Pois grupos políticos impediram que isso fosse feito e o resultado é esse que nós tristemente assistimos.

TZN: Qual a solução que o senhor sugere para o momento?

Brota-Cruzes: Chegamos a um estado lastimável e calamitoso. O que nos resta agora são medidas bruscas. Vou enumerá-las: 1) aumento do valor da refeição, passando dos atuais R$ 2,00 para R$ 4,00, e com reajuste vinculado à taxa Selic (isso, inclusive, ajudaria a Universidade a fazer caixa e investir na bolsa de valores. As ações das Faculdades Nhengüera, por exemplo, estão dando retornos altíssimos A FEPESP que o diga!); 2) corte de funcionários; 3) diminuição no fornecimento da ração de carne, e fim dos sucos e chá (gastos supérfluos); 3) apenas abacaxi como sobremesa (porque ajuda no rendimento); 4) Permissão para o carrinho Sem-Noção adentrar o recinto para tocar as músicas agradáveis que sempre tocam (isso diminuiria o tempo de permanência das pessoas dentro do Bandejão). Garanto que com estas medidas simples e racionais, a situação estará normalizada até o fim do ano.


Nota da redação: Novo bandejão

É reivindicação velha, que os integrantes da Equipe Trezenhum desde sempre apoiaram, a construção de um novo Bandejão. Não somente isso, acreditamos que o mesmo deva ser feito com urgência e em lugar de fácil acesso, e não na pqp, como o Bandejão de Prato. As alternativas que vemos é ou a construção desse novo bandejão ou a ampliação do horário de atendimento do atual até às 15h, com proibição de chamada antes dessa hora.


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